terça-feira, 1 de setembro de 2009

III Forum de Performance Negra



Fórum cênico homenageia celebridades



Salvador (BR) - Um dos auges do III Fórum Nacional de Performance Negra que acontece em Salvador, foi a homenagem feita a celebridades e protagonistas negros da dramaturgia brasileira: Léa Garcia, Zózimo Bulbul, Ruth de Souza e Solano Trindade (esta última, homenagem póstuma). Durante a cerimônia, todos elogiaram e agradeceram especialmente a iniciativa do ator e diretor baiano radicado no Rio de Janeiro e idealizador do fórum, Hilton Cobra. “É um espaço que se afirma cada vez mais como de inclusão de jovens negros brasileiros nas diversas artes”, ressaltou Léa. Ela ainda declarou estar muito emocionada pela homenagem e em relação a “todos que lutam por um país mais igualitário e melhor”.
joão meirelles
Léa Garcia (RJ, 1933), vem do Teatro Experimental do Negro (criado na década de 40 por atores negros, como Haroldo Barbosa e o ex-senador Abdias do Nascimento), fez mais de 20 filmes para o cinema (indicação para o Palmas de Ouro como melhor atriz coadjuvante em Orfeu Negro) e atuou em mais de 30 telenovelas brasileiras. Aos 50 anos de carreira, disse se sentir orgulhosa de todos os papéis que fez e ainda faz como atriz.


Ruth de Souza (RJ,1921), que começou a carreira aos 17 anos em 1945, foi a primeira atriz negra a subir ao palco do Teatro Municipal do RJ, na peça O imperador Jones, de Eugene O’Neil, montada pelo Teatro Experimental do Negro. Atua também no cinema e na televisão (em torno de 50 episódios entre filmes e telenovelas). Ela não pode comparecer pessoalmente a homenagem, mas se fez representar através de um vídeo em que enalteceu a figura de Solano Trindade como o grande mestre da geração homenageada, recitando inclusive um dos seus famosos poemas, Tem gente com fome.

Zózimo Bulbul (RJ, 1937), ator (mais de 30 filmes no cinema – como o premiado Pureza Proibida e As Filhas do Vento - e várias telenovelas, como Vidas em Conflito, onde fez par romântico com Leila Diniz), modelo, cineasta (como Artesanato do Samba), roteirista, realizador e exibidor, visivelmente emocionado, disse que as artes precisam se unir e que o fórum cênico é uma demonstração de que o Brasil não é um país só de futebol, embora reconheça que justamente através do futebol as outras artes possam ganhar visibilidade. “Esperem a Copa do Mundo em 2010 na África do Sul”, declarou, quando o Brasil terá a oportunidade de conhecer outras formas de expressão da cultura africana, seguramente com repercussão positiva em nosso país.

Raquel Trindade recebeu a homenagem pelo pai, o poeta Solano Trindade (PE, 1908-1974). Na oportunidade, além de trazer várias memórias que ligam a vida do poeta da resistência negra nos anos 30 aos outros homenageados, então jovens e admiradores do mestre Trindade, ela cantou e sambou um “coco”, junto com o neto, o rapper Zinho Trindade, para fazer jus à memória daquele que dizia “pesquisar a forma de origem e devolver em forma de arte” - até à terceira geração da família, todos seguiram a carreira das artes.

Aberto na segunda (06/07), o fórum é uma proposta da Cia dos Comuns (RJ) e do Bando de Teatro Olodum (BA) e está sendo realizado até quinta-feira (09/07) no Teatro Vila Velha, em Salvador. Reúne em torno de 300 participantes entre artistas, pesquisadores e dramaturgos negros e ligados a essa temática, de todo o país, tendo ainda como convidados cênicos de Cuba, Trinidad Tobago e Estados Unidos.

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